O que falta para acelerar a implementação do 5G e seu uso no setor corporativo?

O que falta para acelerar a implementação do 5G e seu uso no setor corporativo?

A Comunidade Andina de Desenvolvimento (CAF, em espanhol) abordou o impacto da quinta geração de telecomunicações. Segundo a CAF, do ponto de vista dos usuários finais, o 5G melhora a qualidade da experiência do usuário que exige novos requisitos de conectividade, segurança de rede e dados pessoais, acessibilidade, confidencialidade e integridade nas comunicações. Essas condições estão se tornando cada vez mais relevantes em um ambiente de economia digital.

Para que isso aconteça, os governos devem ampliar as estratégias e adequá-las a regulamentações que permitam o fluxo de tecnologias e o aproveitamento dos recursos necessários, oferecendo soluções inovadoras tanto para o setor empresarial quanto para a população em geral. E a demanda está crescendo.

A 5G Americas, organização que reúne as principais operadoras do continente, explicou no Estudo Infraestrutura de Telecomunicações: Regulação Comparativa na América Latina e Caribe, que, nesse cenário, os países são obrigados a apresentar um conjunto de condições conhecidas e estáveis que permitam à indústria conhecer antecipadamente o investimento necessário para o desenvolvimento de serviços 4G LTE ou 5G.

É fundamental conhecer, além do planejamento das diferentes faixas de frequências a serem ofertadas, os requisitos para o desenvolvimento de novas tecnologias. Alguns países da região são mais avançados, e isso é típico.

A preocupação surge quando economias maiores são travadas pela urgência de regulamentação para permitir a implantação e o avanço tecnológico do setor. Sem essa implantação, as perdas podem ser enormes, considerando os números sobre o impacto dessa nova geração de comunicações móveis e que um estudo da PwC prevê um impacto econômico do 5G no Produto Interno Bruto (PIB) global em 2030 de mais de US$ 1,3 trilhão e um crescimento global do setor de saúde e assistência social de US$ 530 bilhões, por exemplo.

Jose Otero, vice-presidente para América Latina e Caribe, 5G Americas

Jose Otero, vice-presidente para América Latina e Caribe, 5G Americas

Em primeiro lugar, é necessário observar que nenhum processo de alocação de espectro de rádio é necessário para lançar a tecnologia 5G. Há casos em que um espectro excedente pode permitir o lançamento do 5G enquanto o processo de alocação de espectro ocorre. É chamado de DSS ou Compartilhamento Dinâmico de Espectro e é usado no Peru e no Brasil antes dos processos de licitação. Mas certamente não terá um desempenho tão bom quanto um espectro dedicado.

Por outro lado, na América Latina, existem países onde é altamente necessário um processo de alocação de espectro para expandir os serviços de terceira, quarta e quinta geração. O primeiro anúncio de 5G na América Latina (e o terceiro em todo o mundo) foi no Uruguai. Depois disso, vimos anúncios no Brasil, Porto Rico, Ilhas Virgens e Chile. Também vimos anúncios da Argentina, Peru, Colômbia, Suriname e México. A maioria desses lançamentos foi para serviços fixos sem fio e foram bastante limitados geograficamente.

Agora, se estamos falando de serviços de telecomunicações com crescimento constante e expressão agressiva, podemos destacar que começamos a ver esses movimentos no Brasil, Chile e México. No restante da região, há 5G, mas é limitado.

Estamos aguardando os leilões de espectro, mas a situação macroeconômica não está ajudando em muitos mercados com o impacto da inflação. O 5G está focado em empresas e é uma mudança de paradigma.

Devemos destacar o potencial que esta tecnologia tem no mundo empresarial, corporativo e governamental para ser um catalisador para o uso de Inteligência Artificial, robótica e computação em nuvem, por exemplo, graças à queda no custo de transmissão de dados em relação às tecnologias anteriores.

É um processo lento em que deve haver uma mudança na infraestrutura e nos dispositivos para perceber o impacto do 5G como impulsionador de outras tecnologias. Além disso, temos que começar a olhar pela janela do mundo dos negócios.

Em outras palavras, pensar em uma estratégia nacional de desenvolvimento das telecomunicações não é mais um fenômeno que pode ser resolvido exclusiva e internamente por cada país.

Um exemplo específico: se uma empresa concorre com empresas na Ásia, Estados Unidos ou Europa e tem um requisito de desenvolvimento compatível com 5G e não há rede 5G localmente, os contratos podem ser perdidos.

Outro exemplo são os mercados turísticos como República Dominicana, Ilhas Cayman e Aruba, que podem ser um mercado para nômades digitais com alto poder aquisitivo; no entanto, é necessária uma infraestrutura para atraí-los.

Alejandro Adamowicz, diretor de Tecnologia e Estratégia para a América Latina, GSMA

Alejandro Adamowicz, diretor de Tecnologia e Estratégia para a América Latina, GSMA

O sucesso do 5G na região exige um esforço conjunto entre os setores privado e público. O compromisso do governo é crucial para criar as condições necessárias para implantar essa tecnologia e liberar seus benefícios.

Para compreender o potencial do 5G, a região precisa:

1. Disponibilidade de espectro radioelétrico. Esse recurso deve ser disponibilizado aos operadores de forma planejada, em tempo hábil, em quantidade suficiente e a preços razoáveis ​​para estimular o investimento;

2. Processos ágeis para implantação de infraestrutura. O 5G exigirá mais de dez vezes mais antenas do que o 4G e todos devem se conectar à fibra ótica, portanto, as barreiras burocráticas ao local e à implantação de antenas devem ser quebradas, especialmente em nível municipal;

3. Regulação que promove o investimento. O 5G é uma tecnologia que deve durar décadas, então os investimentos são de médio e longo prazo. Regras claras e estáveis ​​são essenciais para garantir planos de negócios que estimulem o investimento e a concorrência, fatores que enriquecem uma oferta inovadora, de qualidade e com preços competitivos;

4. Casos de negócios atraentes. Sem dúvida, o impacto mais significativo do 5G será no segmento B2B, pois suas características (ultra/alta velocidade, baixa latência e comunicações massivas máquina a máquina) permitirão a criação de soluções e aplicativos customizados para empresas e indústrias.

Portanto, um componente essencial do sucesso é que cada país trabalhe para desenvolver casos de uso adaptados à sua macroeconomia. Na América Latina, as primeiras experiências são no agronegócio e na mineração.

Marcelo Ruiz, diretor de Telecomunicações e Consultoria em Tecnologia, Frost & Sullivan América Latina

Marcelo Ruiz, diretor de Telecomunicações e Consultoria em Tecnologia, Frost & Sullivan América Latina

A Frost & Sullivan, empresa de inteligência de mercado e consultoria de estratégia de TIC em mais de 15 verticais, considera os seguintes aspectos para acelerar a implantação do 5G na América Latina e seu uso no setor corporativo.

  • Os leilões de espectro devem ser realizados no curto prazo pelas agências reguladoras e as políticas públicas devem ser aceleradas. Deve haver definição e execução. Não podemos mais esperar por uma tecnologia de vital importância para o desenvolvimento econômico e produtivo dos países e da região.
  • Os leilões de espectro devem ser competitivos para estimular o investimento em 5G e apresentar esquemas inovadores como leilões de espectro zonal, redes 5G privadas, extensão de concessões de licenças por mais anos e leilões multibanda como ocorreu no Brasil, por exemplo.
  • Continuar e fortalecer a expansão da cobertura 4G e LTE pelas operadoras móveis na América Latina e depois migrar para 5G. Além disso, redes de fibra óptica de alta capacidade com 5G na camada de transporte de rede.
  • Desenvolver equipamentos e dispositivos industriais móveis que suportem 5G a preços mais competitivos.
  • Facilitar de forma mais ágil e menos burocrática os processos de licenciamento para instalação de infraestrutura nas diferentes cidades da América Latina já que o 5G exige a implantação de um número significativo de micro células (pequenas células).

A implantação do 5G terá um impacto de destaque no segmento corporativo. Isso porque se espera um ecossistema digital hiper conectado e integrado com Inteligência Artificial, Big Data, Blockchain, computação quântica e outras tecnologias disruptivas com grande potencial, além de velocidades de conexão e baixa latência.

É especialmente verdade em setores como a Indústria 4.0, saúde com aplicativos de telemedicina e cirurgias remotas com alta resolução, comércio com aplicativos de Realidade Aumentada e Realidade Virtual e transporte e logística inteligentes.

Da mesma forma, para as pequenas e médias empresas, que constituem mais de 90% da estrutura empresarial da América Latina, há um enorme potencial de inovação, desenvolvimento de novos serviços disruptivos, automação e processos internos mais eficientes.

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